sábado, 3 de outubro de 2015

A farsa

*
Por Germano Xavier

para o professor Elcy Luiz da Cruz,
desorientador de caminhos vagos
(todo o meu respeito)


pensando bem,
depois de Kafka veio a euforia.
a mão trêmula. a bandeira e o mastro.
a guia é a bomba morta que aviva o breu.
a palavra é o pássaro com altura de precipício.

pensando bem,
o desajuste necessário cabe
em não entender do mesmo jeito.
devemos, pois, tentar bagunçar o bolo
e lançar mãos de todo reinado.

uma vaga para o próximo domingo
livrar-nos-á o enterro das relutâncias.
geme a miserável pedra da história.

e aos democráticos,
e aos liberais,
e aos pacifistas,
e aos libidinosos,
e apesar dos humildes associais,
aqui jaz a pluralidade.

mas

como na cena de sua voz trôpega
a dor é sempre maior que um mero fato,
começo a contar o começo das covas rasas.

(não que morrer em branco lembre-nos um vegetal futuro)

o caso é:
extenso é o mal
e todo sonho é um manual de sobrevivência.

- Podemos nos consumir agora?


* Imagem: http://www.deviantart.com/art/The-Tree-of-Life-150216752

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