quarta-feira, 6 de maio de 2015

Apontamentos sobre traços fonológicos

*
Por Germano Xavier


O Círculo Linguístico de Praga, grupo de estudiosos lítero-linguistas também conhecido como Escola de Praga e bastante influente nos estudos da língua até os dias atuais, além de outras contribuições, funcionou como polo gerador da discussão acerca do elemento fonema visto como uma unidade divisível, portanto, formado por um feixe de traços distintivos particulares a ele. 

É importante destacar tal informação, haja vista que o fonema até então era visto como uma unidade sem divisórias, quase que impenetrável ou impermeável, ideia defendida pelo Estruturalismo.

Tal abertura, gerida por Jakobson, possibilitou o aprofundamento das pesquisas acerca destes supracitados traços a partir de uma ótica acústico-perceptual. No livro FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, as autoras resolvem fazer um apanhado sobre esta problemática tendo como base a Fonologia Gerativa de Chomsky e Halle, que investiga os traços distintivos a partir de suas engrenagens articulatórias

O sistema binário foi escolhido pela maior parte dos estudiosos da área como padrão para análise dos eventos envolvendo traços distintivos por ser considerado o de mais fácil adentramento. Apresentados quase sempre em formatos de matrizes ou árvores, os traços distintivos (propriedades comuns ou individuais), ganham em sua definição simbólica colchetes com valências [+ ou -].

Os traços distintivos, assim vistos pelo prisma articulatório, agrupam-se em algumas categorias ou subdivisões: quanto às Classes Principais (silábico, consonante e soante); quanto à Cavidade (coronal, anterior); quanto ao Corpo da Língua (alto, baixo, recuado); quanto ao Modo de Articulação (contínuo, lateral, nasal, estridente, soltura retardada); quanto à Forma dos Lábios (arredondado) e quanto à Fonte (vozeado).

Façamos, pois, um curto resumo dos traços distintivos:

CLASSES PRINCIPAIS – Silábico (definição de sons silábicos e não silábicos); Consonantal (definição através de segmentos com constrição significativa na região central); Soante (definição por passagem de ar livre nas cavidades oral ou nasal).

CORPO DA LÍNGUA – Alto (definição com levantamento do corpo da língua acima da posição neutra); Baixo (definição com abaixamento da língua em relação à posição neutra); Recuado ou Posterior (definição com retração da língua em relação à posição neutra).

CAVIDADE – Anterior (definição com obstrução no trato oral anterior à região alveopalatal); Coronal (definição com ápice da língua elevado).

FORMA DOS LÁBIOS – Arredondado (definição com estreitamento dos orifícios dos lábios e projeção dos lábios).

MODO DE ARTICULAÇÃO – Contínuo (definição com passagem de ar plena durante toda a produção); Estridente (definição com presença de obstáculo suplementar e produção de ruídos); Nasal (definição com abaixamento do véu do palato e escape de ar pelas cavidades nasais); Lateral (definição com escape de ar lateral devido ao abaixamento da parte média da língua); Soltura Retardada (definição com abertura gradual do trato vocal – africadas – ou soltura abrupta do ar – plosivas).

FONTE – Vozeado (definição com pregas vocais em vibração).

Para o justo detalhamento dos traços distintivos, faz-se preciso não se esquecer de dois pontos de apoio fundamentais: a Posição Neutra e o Vozeamento Espontâneo. 

Com relação à Transcrição Fonológica, as notações são: 

[ ] = notação fonética/produção do falante - fones;
/ / = notação fonológica/relação com o significado – fonemas.



BIBLIOGRAFIA

SEARA, Izabel et al. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. UFSC. 2011. Disponível em http://goo.gl/tQy90q. Acesso em 06 de maio de 2015.

Um comentário:

Unknown disse...

OLÁ, ÓTIMO RESUMO!PODERIA DISPONIBILIZAR SEU TEXTO PARA MEU ESTUDO PESSOAL? EMAIL: myec2020@gmail.com


Desde já agradeço!